Empresa investiu pesado em máquinas e tecnologias para bater de frente com a popularização dos e-mails e torpedos via celular
Felipe Lima - Jornal do Commercio
Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) tentou lutar. Investiu pesado em máquinas e tecnologias para bater de frente com a popularização dos e-mails e torpedos via celular. Prometeu entregar cartas no mesmo dia da postagem. Mas o nocaute veio agora. A instituição está quebrada e o calote no salário dos funcionários está próximo. No Brasil, o quadro é totalmente inverso. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), somente neste primeiro semestre de 2011, obteve lucro de R$ 499,6 milhões, 48,3% acima do registrado no mesmo período de 2010. O segredo foi não subir ao ringue contra a internet, e sim diversificar os negócios. Direcionou a maior parte dos investimentos para incrementar o serviço de entrega de encomendas e demais soluções. E com a reforma realizada em seu estatuto este ano, poderá agora ter participação acionária em outras companhias e internacionalizar operações.
O analista de planejamento dos Correios em Pernambuco Heyder Barbosa lembra que a internet, que no começo se mostrou ameaçadora, hoje é aliada. O comércio eletrônico representa receitas para os Correios, responsável pelo transporte dos produtos de determinados sites. “O investimento foi pesado e voltado para manter a regularidade, a praticidade, agilidade e comodidade dos serviços de encomendas. Cartas pessoais e telegramas ficaram estagnados, diminuem a participação no negócio da empresa ano a ano”, resume.
Os resultados financeiros do primeiro semestre deverão ser ainda melhores na segunda metade de 2011. É que no balanço será incluída a receita de R$ 2,3 bilhões oriunda da licitação do Banco Postal, cujo vencedor foi o Banco do Brasil. Apesar de realizada em maio, o contrato só foi assinado em julho.
Por todos esses motivos não é de se espantar que os Correios sejam uma das empresas do governo federal cujos cargos de direção são os mais cobiçados. Após a hegemonia do PMDB ao longo do governo Lula, está agora nas mãos do PT com Dilma Rousseff. O interesse político arranhou a imagem da empresa anos atrás. O mensalão, maior crise da gestão anterior, teve seu início após denúncias de corrupção envolvendo o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, Maurício Marinho, ligado ao ex-deputado federal, Roberto Jefferson (PTB).
Outra polêmica que envolve a instituição é a do monopólio do serviço de cartas no País. Decisão de 2009 do Supremo Tribunal Federal (STF) assegurou a exclusividade dos Correios. Porém, já acionaram o Judiciário em mais de uma oportunidade para monopolizar também outros serviços, como o envio de cartões de crédito e talões de cheque, considerados em algumas decisões da Justiça como cartas e em outras, desfavoráveis aos Correios, como encomendas. O capítulo mais recente da novela aconteceu no final de agosto, quando a Associação Brasileira de Empresas de Distribuição (Abraed) chegou a acionar o STF para rever a definição do serviço, mas acabou desistindo do recurso.
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